domingo, 5 de julho de 2009

Metrô 743 (videoclipe para o Baia fazer como ator)

Adaptação cinematográfica da canção homônima de Raul Seixas.


CENA 1. ESTAÇÃO DE TREM. EXT/DIA.

RAUL, barbudo e de óculos escuros, anda pela estação. O trem que chega tem uma placa grande na frente, com o número 743.


CENA 2. SAÍDA DA ESTAÇÃO. EXT/DIA.

RAUL desce a escada e anda pela rua. No sentido contrário vem um homem misterioso, andando apressado, olhando para os lados, apreensivo. Ele pára e acende um cigarro. RAUL chega para ele e pede um cigarro. Ele diz que dá, mas manda RAUL fumar do outro lado da calçada. RAUL estranha, mas aceita. O homem dá um cigarro para RAUL e pede desculpas, mas está visivelmente aflito e atormentado. RAUL acende o cigarro e eles ficam conversando. O homem fala que trabalha em cartório, mas é escritor. “Perdi minha pena nem sei qual foi o mês”. Os dois ficam um tempo fumando juntos, até que o homem volta à sua agonia. “Desculpe a minha pressa me fingindo atrasado, dois homens fumando junto pode ser muito arriscado, e os canibais de cabeça descobrem aqueles que pensam porque quem pensa, pensa melhor parado”. O homem segue andando apressado pela rua. RAUL agradece, se encosta num poste e fica fumando. Três capangas armados chegam e agarram RAUL, com violência. Um deles grita: “Mão na cabeça malandro, se não quiser levar chumbo quente nos cornos!”. RAUL tenta argumentar: “Claro, pois não, mas o que é que eu fiz? Se é documento, eu tenho aqui.”. Um dos outros capangas o interrompe: “Não interessa, pouco importa, fique aí! Eu quero saber o que você estava pensando”. O terceiro capanga, que parece uma espécie de chefe deles, finalmente fala: “Eu avalio o preço me baseando no nível mental que você anda por aí usando. Aí eu lhe digo o preço que sua cabeça agora está custando”. Eles levam RAUL, imobilizado.


CENA 3. FUNDOS DA COZINHA. INT/DIA.

RAUL está vendado. Os três capangas chegam e tiram sua venda. Ao seu lado, dois corpos sem cabeça. Dois capangas o seguram sobre uma mesa, enquanto o terceiro corta sua cabeça com um machado. A cabeça de RAUL cai no chão e vê seu corpo sem cabeça, até a imagem sumir (subjetiva). Os capangas pegam a cabeça de RAUL, e serram a caçapa de seu crânio. Tiram cautelosamente seu cérebro, com luvas cirúrgicas, e o colocam num saco plástico vedado. Depois jogam a cabeça de RAUL no lixo da cozinha, onde já têm duas cabeças.


CENA 4. MANSÃO. INT/DIA.

Alguns magnatas bebem whisky e fumam charuto, discutindo negócios e assistindo a corridas de cavalo pela televisão. O maitre chega à sala e toca uma sinetinha, indicando que o jantar está pronto. Eles se dirigem à mesa. Um garçom serve vinho tinto a eles. Ao lado de suas taças já há um copo d´água para cada um. Outro garçom serve-os com arroz à piamontese, quiche de queijo, suflê de legumes e batata sotê. O maitre adentra o recinto com uma bandeja coberta com uma tampa metálica. Ele coloca a bandeja sobre a mesa e retira a tampa. Aparecem três cérebros cozidos. Os magnatas aplaudem o maitre, que agradece e se retira. Os garçons cortam pedaços do cérebro e servem os magnatas. Eles colocam molho vinagrete no pedaço de cérebro e se deliciam com o raro prato de seu banquete. Eles comem os cérebros com desejo, são senhores muito alinhados. Finalmente, brindam com suas taças de vinho.

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